segunda-feira, 31 de maio de 2010

O tempo...

Rossana Masiero



Adição de ritos de passagens
ininterruptos
imperceptíveis
Momentos subtraídos
da vida que logrou
Existência do agora
com memória do
que passou
Saudade...

.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

uma pausa


Amigos
Dias 28, 29 e 30 de maio ficarei ausente no blog.
Estarei a trabalho em São Francisco Xavier (distrito de São José dos Campos - SP) no III Festival da Mantiqueira, evento literário que vem ganhando proporções e qualidade maiores a cada ano.
Quem estiver por perto, informo que o passeio vale muito a pena pelo evento e pela beleza das montanhas.
Ah! Tem livro meu na Tenda da "Fundação Cultural Cassiano Ricardo".
Beijos e bom fim de semana!
Rossana

quarta-feira, 26 de maio de 2010

das variantes


Reverencio gotas
sopros e vapores
Energias inalcançáveis
impalpáveis
invisíveis
Tento tocar o intangível
a demente...
Quanto mais impossível
mais seduzida
Cobiço o imensurável
Ardo pelo inusitado
Anseio pelo insustentável
E caminho por pontes
instáveis e inseguras
a imprudente...
Faço questão
de ser suspeita
por andar inabalável
e fora de prumo
à margem do mundo.

Rossana Masiero

sexta-feira, 21 de maio de 2010

volta por cima



Reverbero
no revertério
Reverto
o revés em verso
Retomo o reverso
do inverso
e retorno
poesia.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Invernando...


No inverno
ensimesmada
me recolho
Hiberno
Me ponho de molho
Tiro licença
de mim
Fico mais calada
Agasalho-me da vida
Visto minha
carranca emburrada
e me encapsulo
Enquanto enclausurada
metamorfoseio
em silêncio
 Pois que na primavera

Espera...

Que eu medro sem medo
rompo o casulo
Vestindo
meu melhor vestido
de festa

sexta-feira, 14 de maio de 2010

movimento


Nem parnasiana
Nem realista
um pouco pessimista
um tanto romântica
Nada quântica
Número inteiro
Fujo da métrica
Capto símbolos
Gosto de palavras
como "bruma"
e "névoa"
Desfocada
Sem freios
o reboque
a que me atrelo
Sou sem regras
As vezes eu fujo
das rimas
As vezes não
Gosto de palavras
em desuso
"Claviculário"
Onde guardo as
chaves da poesia
E num ritmo
nem sempre azado
me movimento.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sobre o pudor

Tela Mary Cassatt

Eita palavrinha feia: pudor.

Mas seus significados sempre permearam meu cerne desde menininha. Como casca. Não que goste de ser pudorenta, que é uma palavra ainda mais feia, até por não ser coisa que se escolha ser.

Pudor não é vergonha, tampouco hipocrisia. É um jeito etéreo, que a delicadeza nos empresta na meninice e que não se desveste como uma roupa que já não serve.

Pudor é uma segunda pele que vai amoldando-se ao nosso corpo quando crescemos, tomando a mesma forma, esticando e esticando. As vezes nos comprime.

O pudor reprime.

Outras vezes se rompe e é assim que sabemos que uma pessoa é despudorada. Quando ela é livre dessa película de compostura e reservas. Não sei se gosto de usar, mas em mim, o pudor me contém, apesar de desfiado, esburacado...

Eu tenho grande atração por gente assim despudorada, que fala dos enigmas do existir com descaramento, que age impulsionada apenas pelo prazer de haver e às vezes pelo prazer em abismar almas acanhadas como a minha, que se acabrunham fragilmente.

Tem coisas que minha suscetibilidade insiste em não aceitar. Melindro-me até hoje como uma menininha parva.

Tenho alma de consistência pastosa, dada a sabores agridoces que nunca se combinaram. Algo assim como vinagre e sorvete no mesmo pote, que não tenho precisão de detalhar.

Só quero mesmo é delinear vagamente do que eu sou feita para que seja possível eu me reconhecer nesse sabor travento.

E que nesse processo de reconhecimento de mim eu consiga ter compreensão de outros, por esse meu jeito. Acho que ando carente de aceitação, coisa que nunca me entusiasmou.

Talvez ande mesmo precisando de empatia, cumplicidade, ou apenas respeito

Meu pudor não é manha, pois que não sou sonsa, e as vezes finjo que não o tenho e ensaio um tipo assim arredio, para soltar um tanto das feras que abrigo e que tem garras retráteis, que vez ou outra me arranham querendo sair.

É só minha maneira de existir .

domingo, 9 de maio de 2010

Deixa, mãe...

Claude Monet

Mãe, posso nascer de novo?
Agora eu já aprendi
como a gente tem que ser.
Você nunca me disse
como ser ser quando crescer...
Pois que agora
eu ando toda errada,
sempre pendendo prum lado,
que nunca é o lado certo.
Tenho a alma desconjuntada, mãe.
Ai, mãe: Sei que alma não tem junta!
Mas a minha é mais esquisita.
Eu faço verso, mãe...
Tem coisa mais dolorida?
Me deixa tentar de novo, mãe!
Quem sabe eu renasça
alguém mais apropriado...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

sem rédeas

Escultura: Fernando Ito


Minha alma vadia
escapole por frestas e janelas
a fujona...
Rejeita regras e cancelas
Rebela-se dentro de mim
a insubordinada
A minha alma libertária
seduz a minha revelia
a impudica
Gosta de se repartir
Se esparge por todo lado
a anarquista
E é um tanto perversa
Cutuca e desconversa
E não confessa
Nunca confessa...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Re[s]sentimento


Sucateio sentimentos
Monto e remonto anseios
Não consigo restaurar
nenhum sentimento
inteiro.




 

sábado, 1 de maio de 2010

FHHhhhh


De minha caneta
que abuso para (de)cantar
quero compor
uma melodia de silêncios
Quero uma partitura
de pausas
Breves
Semibreves
Na clave que ainda
inventarei

Da capo al fine

E vou por aí
espalhar rimas
Enquanto danço
no ritmo do bater de asas
do anjo que me sopra
o melhor
refrão.