Dissipo-me nas sazonais calmarias, onde evaporo, desfaço e perco a fibra da luta. Espécie de diáspora de meus sentimentos que dispersam, migrando do meu coração para o resto de mim. Perdendo-se. Nesse tempo não quebro paradigmas, que é o que tanto gosto. Acomodo-me e isola-se o demente que mora em mim. Não assolo nem reverbero. Meu demente era contente, mais anjo torto que demônio. O louco a me motivar, o Dom Quixote da minha alma. Diversidade é fundamental para o manejo da minha existência e quando o meu louco está preso, minha alma diluída não aceita gradações, modulações na palheta. Fica ela limitada, nebulosa, descorada. É quando a criatividade recua assustada e vai se esconder entre as vísceras, enclausurando-se, escondendo-se da paz. Desgraçada de mim quando me abandono assim. Fico eu nem infeliz nem nada, pois em partes, não conto a soma total de mim e, portanto faltam pedaços e o quebra-cabeça incompleto sequer insinua o esboço da batalha que posso lutar. Não me alegram calmarias, não gosto desses tempos de falsa bonança, onde enfileiram-se as facetas previsíveis de mim. Temo gostar das abissais ventanias, os tempos de tempestade em que meu louco varia e meu demente cria e eu me completo total. Inteira e heterogênea me adenso e me multiplico, complico e me fortaleço. Refaço-me multicolorida, reagrupo meu exército, monto meu Rocinante e saio por aí a lutar com moinhos de vento.
30 comentários:
Pintei em traços vibrantes
Aprisionei a beleza e a harmonia
Dancei no sabor de irreverentes matizes
Misturei a aurora com o fim do dia
Um violoncelo soltou duas notas sorridentes
Dançaram as cores de forma trágica
Os pincéis inventaram a doçura do teu rosto
Em movimentos de rodopiante mágica
Bom fim de semana
Mágico beijo
Paradoxos costumam ensinar mais do que paradigmas ...
ps - eu já ganhei uma escultura do Don Quixote ... porque será ?
Que aventura quixotesca é olhar para dentro , unir o sábio ao louco!!!
isso é para poucos!
beijos
Obrigada pela visita!
Adorei esse texto!
Acho que todos nos temos um louco desvairado dentro de nós, não é?
Isso é preciso para não enlouquecemos com a loucura do mundo.
bjos
Prefiro a "quebradeira" de paradigmas! Sinto, porém, que estamos em tempo de meditação... Respeito, pois!
Semana boa, Ross!
Grata Profeta.
Ótimo fim de semana também.
bjs
Flávio, que bom que voltou. Já achava, que não gostava mais de mim.
A escultura? Deve ser pra lembrar do louco que te habita.
beijo
Oi cavaleiro.
Uns lutam com dragões, outros com moinhos.
Importa é a imaginação.
bjs
Tem razão Lucretia.
O nosso louco equilibra.
bjs
Estamos sim Prof., mas não dura muito...rss
A calmaria é passageira.
Eu gosto mesmo da "quebradeira"!
Beijinho
Belíssimo, Rossana!
Não sei se sabe, mas eu entro nos personagens, assim me senti você.
Tive saudades de mim quando ficava (mas ainda fico) assim.
Sem palavras para expressar.
Maravilhoso!
Beijos
Mirse
Tenho certeza de que você tem mesmo a capacidade de sentir o que sinto.
Tua sensibilidade me encanta, Mirse.
Obrigada pela presença fiel.
Bjs na alma
Olá, minha querida!
Vim te ler, e agradecer
pela gentil visita.
Tomei a liberdade e
linkei seu blog ao meu,
para voltar mais vezes.
Teu poema é forte,
e altamente reflexivo.
Parabéns.
Beijinho
Glória
Grata Glória. É uma honra que goste e que volte.
bjs
Você é mesmo equilibrista, menina ?
...vim aqui
pela Mirse
do "meu lampejo"
e me deparei
com seu relampejo
muito bom!
o balaio ficará
muito bem recebendo
esse clarão...
bj
Baton e poesia
Rossana
é bom ver-te por aqui e ver que o chão é pisado com segurança...
um beijo com muita amizade...
+++++++
OLHOS CLAROS
Olhos...
Claros...
E grandes...
tudo vêm...
tudo olham...
E são...
O que ás vezes...
Não dá jeito nenhum...
Porque...
Ao olhar...
Acabam por falar...
E dizem...
o que eu quero calar!...
Lili Laranjo
Flavio, primeiramente, obrigada pelo "menina".
Adorei isso.
Sou não, só o meu anjo torto.
Sou arquiteta e cantora.
bjs
Rossana
Grata Guru Martins.
Visitei o balaio e vi gatos interessantes por lá.
bjs
Oi Lili.
Lindo poema. Volte mais vezes.
bjs
Como dizia Pessoa : " Não sei quantas almas tenho..."..
O importante é olhar para dentro da gente e seguir , mesmo aos pedaços, recolhendo os " caquinhos."
Mas cá, pra nós, hein, um pouco de loucura não faz mal pra ninguém.
Aliás, é o que dá sentido. Nos sustenta.
Imagina ser certinho ? Todos que eu conheço e eram MUITO certinhos piraram de vez...kkkkk
Olha só....conheci seu " rostinho"...
Grande fim de semana pra ti !
bj
Um pouco de loucura nos dá sanidade, Amiga do Cafa.
Viu só? Ando dando as caras... rss
Ótimo fim de semana também.
bjim
Há um barco com um nome escrito em letras azul-marinho, um barco que rasga as velas ou veias, rangendo as madeiras do corpo e ardendo na febre do sal da procura, que lambe as feridas abertas na viagem, queimado pelo sol e pelo vento, como se pode impedi~lo de namorar as águas que o viram nascer? Não há maneira. Esse barco tem o nome de "ANASSOR", quando reflectido na água, e raramente é visto ancorado.
Quando a Rossana conta estas suas viagens interiores, arrasa-nos de cima a baixo, deliciosamente.
Beijo do mar
Gostei da sensação de ser um barco que raramente é visto ancorado, Mário.
Gostei da imgem do meu nome refletido na água.
Gostei de tudo!
Bjs
Oi Rossana,
Modulações na palheta...adorei a nova foto,muito linda.
Com carinho,
Cris
Vi "Batom..." no "Balaio...".
O arranjo tão inusitado chamou o feminino, mais vigoroso de mim. Conferi e o que meus olhos ouviram e meu senso tocou foi de tamanha belezura! De encantamento sigo sua arquiterua de palavras: simples e densas, como pluma solta em tempestade!! Avante...
Cristina, andava com saudades da "querubim".
Troquei a foto por que ando meio exibida...rss.
bjs querida
Grata Iara, tuas palavras é que me encantaram.
Volte sempre.
bjs
Jeito de menina feliz (na foto anterior)...
Todo artista é um equilibrista de emoções.
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