By Louise Robinson
Por isso não faço laço, não crio vínculos nem ando em turma.
Porque eu preciso aprender a caminhar sozinha e não é preciso agradar ninguém
pelo temor em desagradar outrem.
Só não quero que esperem nada de mim, porque pouco tenho a oferecer
que eu já não tenha dado, e o que mais tenho, se transforma a toda hora.
Não anseio mais adular, mas também não tenho muita certeza dessa
afirmação. É meu estado de ser que se altera e isso desagrada pessoas que tendem
a esperar de mim uma posição estável e inalterada, como se imutável fosse o
universo.
Às vezes ando a passos de gigante e outras vezes, eu sou amiga de pequenas
minhocas e enterro-me fundo nos labirintos sombrios.
Na maioria das vezes sou passarinho ou borboleta, mas nem isso eu sou
a toda hora.
Esperam que eu seja unívoca, inequívoca e ovípara? Perdem tempo...
Sou a esquisita que não escolhe um lado e nunca faz parte, mas dissimula
ser parcela de todas as coisas. Cá do meu lado, me sinto muito só, mas eu não
me estranho mais.
Tem a minha estrada, muitos lados: O lado que bate sol, o da sombra, o
de ida e o de volta, o de baixo e o de cima e ainda assim escapo sempre que me
distraio. Busco atalhos, picadas... Caço outros rumos e por vezes encontro e me
deleito, mas volto quando consigo.
Que não ousem me traçar um rumo, em me pôr cancelas. Ignorar-me é o
melhor.
Eu inexisto nas “rodas”, pois giro no meu próprio ritmo e ninguém vai
me deter. Até tentam, mas maleável que sou, finjo que vou, mas não vou e volto novamente
ao meu próprio principio e reinicio no meu compasso.
Tropeço.
Tropeço a todo o momento. Blasfemo e erro muito, mas até os erros são apenas
meus. Sou eu sozinha que os cometo. Inequívoco, só Deus.
Eu sou só uma pretensa e simplória poeta do óbvio, cujo tema predileto
é falar de si mesma, sendo que sou meu único assunto. O único que bem conheço.
Sou meu livro particular, escrito por fatos reais e lembranças pessoais. Sou o
que presenciei e vivi e assim, escreverei sobre mim até me extinguir.
É isso que eu quero: Extinguir-me.
Ou seria diluir-me?
Talvez, a palavra que busco seja “difundir” até me fundir com tudo e
todos. Até não haver mais motivos para coações, até não haver mais correnteza para
se nadar contra, sendo bem provável que esta atualmente só exista na minha
imaginação egocêntrica.
Ah sim! Esqueci-me de contar!
Eu vivo me perdendo também. De mim e de todos. Tenho esquecimentos e
me alheio da realidade quando essa se torna insustentável.
Penso eu que deve ser fuga essa distração - que até que é coisa boa -
pois me resguarda e ganho tempo de cicatrizar minhas feridas quando a lesão é
grande. Feridas que eu mesma faço.
Firo-me com caneta afiada quando escrevo, com o pensamento atilado quando
me culpo e com o coração abestalhado que trago no peito e que se melindra a
todo o momento por qualquer coisa.
Não escolhi tal coração, ele nasceu grudado, anexado a mim assim como
nasceram minha melancolia e meus olhos.
Então mesmo que não exista quem me leia, quem me enxergue ou
compreenda, eu continuo minha caminhada em busca de nada e falando de mim.
E lá vou eu imprecisa e ambígua.
Um equívoco se escrevendo.
22 comentários:
Ninguém neste mundo é um equívoco...todos somos peças de um mesmo todo e por isso mesmo necessários!
Minha querida, mais ânimo porque a vida...é sempre uma festa!
Beijocas
Graça
Tenho medo da solidão e conseguiu transformá-la em magia!
Rico!
Beijos =)
Texto visceral, muito bom, parabéns!
Te encontrei no blog da Graça e me encontrei aqui. teu texto sou eu,rsrs
sério, identificação total! amei!
Beijos
Graça, querida. sou grata pelas palavras de alento.
Bjs
Nadine, suas palavras me deixam feliz.
Bjs
Al, visceral é meu apelido...
Grata por vir.
Bjs
Jeanne, que bom que se identificou.
Só por isso, já vale a pena continuar escrevendo.
Bjs,
Minha querida
Como sei desse despir de tudo o nos iluminou a vida e nos tatuou sorrisos no rosto e depois nos cinzelou a tristeza em cada poro da nossa pele.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
pra evitar os laços até o cabelo eu corto rsrs
adorei o post!
beijoss
Grata por vir, sonhadora.
Bjs
(Martha) Lelena, você é uma fofa!
bjs
Uma metamorfose ambulante! rs Sem os paradoxos e as fases dessa lua-mulher, haveria beleza? Também me vi no texto, que adorei!
Beijos,
Taninha!!!
Que feliz estou por aparecer.
Saudades de monte.
Bjs
Ah, bela menina! Sua escrita, não é e nunca foi um equívoco. Senti saudades! E cada tempo que passa e eu retorno aqui, vc está a cada dia melhor. Eu diria que pronta pra arte. O blog está tão lindo, quem me dera conseguir estabelecer esse alicerce no meu. Muito mal, sei responder e digitar numas páginas, de visual..estou por fora. Mas sumi pq uma fase me passou, talvez a transição que eu tanto esperava pra retornar...
li aqui esse verso: eu sou amiga de pequenas minhocas e enterro-me fundo nos labirintos sombrios.
É bem verdade que, passei com a cabeça enterreda com as minhocas...períodos de crises...mas são crises necessárias da vida.
Viu? Sua escrita sempre me diz.
Te adoro,viu. Andréa de Azevedo.
Que bom revê-a Andréa.
É por palavras como essas que escreveu, que me faz continuar, mesmo mais lentamente com os versos.
As vezes nos enturmamos com as minhocas, mas acho que você é mais passarinho ou borboleta...
:D
Bjs
Assustei-me....parecia que vc estava realmente me descrevendo....amei...apesar de odiar a solidão....mas é nela que encontro o conforto e por isso trabalho tanto com as mãos e deixo a mente viajar...amei...bjs
Uma analise profunda da existencia.Somos este emaranhado de pensares e cada dia temos uma nova reflexão do que significa estar por este mundo.Muitas vozes nos chamam por uns caminhos, que nao trilhamos e vamos por ali.Assim belamente e impetuosamente como a recriar nosso mundo onde possamos sentir a paz de ser que o somos.
Paz e muita luz amiga.
Um carinhoso e terno abraço com toda minha admiração.
Beijo de luz nos seus dias.
Dulce, amiga de tanto tempo...
Que bom que gostou.
Bjs
Toninho, estou feliz que tenha voltado a caminhar pelo meu sítio.
Bjs ternos
Imprecisa e ambígua
Também me senti assim.
Bjs.
Sintonia fina, Elisa.
Feliz por ter vindo.
Obrigada.
Bjs
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