sandstorm-sahara
A tristeza
corre atrás de mim
Persegue-me
E nada do que eu faça
surte efeito
Nem a fuga
nem o enfrentamento
Não existe alento
A tristeza desertifica-me
Captura e resseca
minha poesia
Volatiliza
Vira poeira e ventania
A alegria
desertou de mim
Já não posso cantar
Já não consigo
Sem música
e sem poemas
converti-me num esplêndido
rancho baldio
28 comentários:
Eis um poema que se nega a si mesmo. Existem canções tristes, talvez as melhores. As alegres com frequência são as mais voláteis.
Beijo, Rossana.
o Manoel de Barros vai te amar!
tirar do abandono a matéria prima da qual florescerão jardins.
sabe que tudo isso é prelúdio da aurora né? deixa a semente morrer pro novo chegar...
bjos!
posso estar como eu estiver, que uma coisa não muda, sempre me derramo diante de suas palavras
beijo
G
Ross!
Linda amiga, permita ao vento levar/trazer sua poesia. Ela me encanta de qualquer forma!
Beijos
Mirze
a poesia nunca nos deixa..e esse poema mostra isso,como disseram ai em cima, "esse poema nega a si mesmo". gostei =)**
A beleza do teu poema é a prova maior de que não há fonte de inspiração poética mais eficiente que a tristeza e seus martírios... Vê aí, acima, quão belos versos deu-te a tristeza!
Um abraço!
a poesia vive para lá das impressões de quem a escreve. nela se inscrevem, igualmente, os mundos outros de quem lê e afianço-te que a tua poesia está aqui, viva e ufana, sorrindo a todos nós, antes de nos tornarmos ranchos baldios.
um beijo com um sorriso!
esplendido rancho baldio, pois que há o que se habitar e preencher,
beijo
Rossana, como acreditar que sua poesia secou quando nos presenteia com este excelente poema!?
Fernando pessoa sabia do que falava quando escreveu:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Se ainda assim sua tristeza persiste, aconselho a seguinte leitura:
http://con-ta-go-tas.blogspot.com/2010/08/cronica-de-amor.html
talvez dê para desanuviar :))
Beijos grandes do lado de cima do equador
Marcantonio: Negar é negociar com o indulto. Você entendeu isso e eu gostei.
Bj
Fouad: Quem dera o Maneco me amar. Menino, que esse prelúdio se demora...
Bj
Ge: Não se preocupe, que o rodo está escondidinho, mas está aqui.
Derrame-se que eu gosto.
Bj
Mirse: Isso para mim já é motivo para ser mais feliz. você me encanta, minha querida!
Bj
Joana: Bem vinda à minha casa. Que bom que gostou.
Bj
Léo: Chego à conclusão que além de rimar, poesia e melancolia são parceiras. :)
Bj
Jorge: Que bom que é assim. Talvez seja isso que a faz viva. Adorei seu comentário.
Bj
Assis: Vou lotear. Você já tem um pedacinho por aqui.
Bj
Maria Ivone: Não espalhe assim os meus segredos, menina... Que lembrança boa, esse poema de Fernando Pessoa. Adorei!
Bj
também a tristeza te converte em poesia, todo sempre!
Bjs!
Leu e reescreveu maravilhosamente bem os meus pensamentos.
Gostei!
beijos
É o tipo de cartase que adorna o embate...
Salve, salve!
Beijos.
Um abraço apertado e um beijo molhado
Sem dançar e escrever, é exatamente assim que fico.
Beijos, amada.
O melhor a ser feito é não esperar uma chuva, nem procurar um oasis. Creio que o melhor seja escrever pelo deserto, talvez não sobre o deserto (sempre triste e de poucas palavras). Mas o que sai das rachaduras dessa secura.
F.M.
↓
de SER, tá carente!
de certa, só a tristeza...
:)
Rossana,
sinto-me assim de vez em quando.
Um dos poemas mais belos que já li aqui.
Bjs
Dado: A poesia também me persegue, querido. Uma maldição ou uma benção? Não sei...
Bjs
Sarah: Os poemas são incontroláveis. Bem vinda!
Bj
Cris: Catarse é a palavra mais justa.
Bjs
Flávio: Gosto e acho que minha poesia também :)
bjca
Lara: Com você não preciso nem de palavras... Você sabe, minha amadinha.
Bj
Flávi Morgado: Escrever no desrto é tentador. Espero resistir.
Bj
TOnhO: Sei que estou ficando enjoativa...rss. Preciso de inspiração, amigo.
Bj
Cel: Me sinto menos só se alguèm se identifica. Fraquezas de ser humana... Grata por confessar.
Bj
A tristeza pode até correr atrás de você, mas você foge dela com uma beleza ímpar!
Mais uma vez a visita aqui me fez muito bem.
Me desculpe pela minha ausência nos últimos dias, é que andei sem tempo para nada...
é sempre um prazer receber sua visita no Rembrandt
abraço
Se no "deserto" da tristeza tens o dom de florir, também me parece que com ela te dás bem, de tal modo é belíssimo o teu poema. Concerteza que o João Monge não se importará de eu ter usado versos da sua Flor do Cardo para te presentear. E só não te ofereço a sua canção, na voz impressionante da Aldina Duarte, porque sei que a tens, já. E como dizia outro grande poeta-Joan Margarit-"um bom poema, por mais belo que seja, tem de ser cruel. Não há mais nada. A poesia é agora a última casa da misericórdia."
Antes que uma tempestade de deserto te leve a fugir apressada para as paragens que tanto aprecias, deixa-nos deliciar com este banho de retemperadora sensibilidade nas águas da tristeza que por ora te invadem, linda poetisa da vida e dos seus ventos.
Outro beijo doce para ti.
Rodrigo: Tens os olhos bondosos de me ver. Sou grata por toda força.
Bj
Juan: Sinto sua falta, mas compreendo os momentos de ausência. Feliz por vir.
Bj
Mário: Águas da tristeza é uma ótima definição, meu querido. Sou tão grata pelos seus comentários...
Bj
Thanks jovem.
Kisses :)
Embora as palavras possam verbalizar alguma tristeza, quem lê o teu poema fica repleta de desejo de partilhar a alegria que recebe!
Beijinho
Embora as palavras possam verbalizar alguma tristeza, quem lê o teu poema fica repleta de desejo de partilhar a alegria que recebe!
Beijinho
O poeta é persistente. Sua poesia também nasce entre as pedras no deserto.
bjs
Este poema me fez lembrar um dos meus, que eu já nem me lembro inteiro. Vou ver se encontro. Mas começava assim:
perdi minha alegria
em algum canto da estrada
talvez, em alguma madrugada
enquanto olhava a lua ...
incrível este poder dos poemas, de despertar memórias. bjo.
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