segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Temor

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Se me perguntam por que  não vou
respondo que em lugar algum 
sou feliz
Em nenhum encontrei paz
Qual a vantagem de repartir
silêncios densos e dores inexprimíveis?
Ando a preferir ficar à sombra
do fim das coisas
cujos lugares meus
localizam-se
sob camas e atrás de portas
Longe dos olhos das pessoas
e dos trovões de um iminente
temporal dentro de mim.
Pusilânime que sou
cubro a cabeça
cerro os olhos e simulo
ser invisível
Tão-somente quero ocultar-me
de viver...

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Exibicionismo...

Rafal Olbinski


É na poesia
que desando
Sem condolências
comigo
É quando
não me abrando
e me expando
e me exponho
sem vergonha
Permeio
as coisas abjetas
viscerais
obscenas
e indiscretas

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A esmo...

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Não tenho
a chave
a senha
ou o código
Não vejo a porta
o acesso
a passagem
Perdida
Tão perdida
Que já me resta
pouca
dúvida
sobre essa
incabível
vida.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Dos vazios...

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Nada me contém
e eu não me contento
Não me detenho
Nada contenho
Sou cheia de nada
e o nada é infinito
Sou infinita...

quinta-feira, 5 de junho de 2014

O frio





Esse inverno vai ser diferente
Vou me portar feito gente
enfrentar o mal de frente
sem gemer nem reclamar
E apesar do incômodo
que esse frio me traz
E os prejuízos a outrem
e infortúnios demais
Vou vestir o meu sorriso
vou procurar o mais quente
(e agasalho, obviamente)
e ir por aí com esperança
mesmo que por um fio
de que a vida continue
e que ninguém possa
morrer de frio...






terça-feira, 13 de maio de 2014

Versejos

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Ando à margem
dos entremeios
e a caçar entretantos
e alguns poréns
Persigo indignações
sem grandes
expectativas
Ando ser
sem cobiça
de caçar tesouros
Quero versos
pois na poesia
eu  viscejo
e versejo
Lambo as feridas
de dentro
com indulgências
E sem sequer
abrir os olhos
eu passeio
satisfeita e imperfeita
abjeta
indiscreta
e visceralmente
exposta.

domingo, 27 de abril de 2014

Apatia

Marius Markowsk


Tracejo sem volúpias
Só palavrório
de estoico
padecer 
em jornada
carecida 
de sensualismo
Por isso escrevinho
com canetas
sem garras
quase sem tinta
Trafego sem as tais
excêntricas angústias
A não ser as que
sempre sinto
De estar viva sem
viver...

sexta-feira, 28 de março de 2014

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Minto tanto
minto mesmo
Por prazer
por amor
ou por poesia
Vingança ou vilania
Pois que viver
é de grande
inconsistência
E toda minha
anagogia
é uma abissal
enganação
Então
por coerência
e pela minha
convalescente
sobrevivência
eu já minto
de véspera
e por antecipação.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Descosturados



A primeira
impressão
é de que éramos:
Eu
tecido nobre
e tu
linha rija
Nosso amor
em pontos firmes
costurado

Subitamente
sem qualquer
embate
em baldio
desempate
distingo bem
melhor:
Eu
pano puído
e tu
alinhavo frouxo
e sem arremate.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Abandono

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Esse meu
coração gasto
e apequenado
mirrou
feito meu timo
intimidado
No recôndito
é onde foi morar
meus olhos
e num refúgio
se abrigou
meu sorriso...

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Olhos tristes


Não
não é que meus olhos
são tristes
É só que eles 
não enxergam bem
o que olham
Comumente estão
vendo alguma coisa
que ninguém vê
Alucinam
Contemplam dentro de mim
uma miragem
uma paisagem de palavras
para um provável
poema.