sábado, 29 de agosto de 2009

reveja

Me queira!
Me veja!
Me venha!
Me tenha!
Deseja!
Me almeja!
Me beija!
Não seja
água na cerveja!
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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

desencontro


Escrevo apenas porque é preciso
Não que tenha algo a dizer.
Tenho algum tempo e pouco siso
E pouco importa a dor de me perder

E por falar em perdida
tantas vezes já me aconteceu
que não carece mais nada parecido
do que já houve entre um poeta e eu

Foi abundante a dor, fartas feridas
Profuso e moroso desagravo
Somos lados oposto da mesma lua
cara e coroa de um mesmo centavo

Somos dois compassos separados
Mesma pauta de uma única sinfonia
somos passos desencontrados
dançando errado a mesma melodia

Mágicos heróis da resistência.
Somos proa e popa, água e óleo
Vivo eu de reminiscências

E das memórias de um adeus infindo
Sem ponto final, apenas reticências
se foi enquanto eu estava dormindo...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Carrego tempestades
na mente e na alma
Raios e trovoadas
insistem em assombrar-me
Levantam meus telhados
de dentro para fora
Revolvem-me
pois que o temporal
está dentro de mim
E ele não cessa
se não me entrego
Acelera o coração!
Pulsa a veia!
Sobe a pressão!
Pula a alma!
Medo e sobressalto.
Sintomas sinistros...
Susto que nunca passa.
Morte que nunca morre
Até derramar-se
como chuva forte!
e de repente se acalma
lava a alma
leva a alma
E quando se vai
resto eu acuada
Escondida n'algum canto
envergonhada
assustada
Sobrevivente
sem rimas
de mais um ataque
de pânico...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Teatral


Tenho a irritante mania
de parir dia após dia
Um drama no coração
Que se condói enfático
transcende a realidade
o dramático
Não é medíocre
 nem mágico
Apenas cênico trágico
Um coração teatral
Que se atiça com o mundo
e se atira para tudo
Mergulha fundo
Denso e intenso
em meu peito
E o melhor que faço por ele
Antes que se arrebente
É parar de bancar a Medéia
E me esquecer da platéia...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

o nome da tristeza

Se tristeza tivesse um nome
Chamaria, por certo "Tempo"
teria entre os nomes "Esperança"
e por sobrenome a "Saudade".

Teria nome de amigos
ao passado, postergados
O nome de um pai num jazigo.
ou de um antigo namorado.

O nome que a tristeza tem
seria um sonho deixado
que a temporada ausentou

Infinitos nomes convêm
a tristeza traz consigo
sempre o nome de alguém...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Caro psicanalista


O meu discurso não combina com meus atos
Então sou mesmo sem nenhum tato
uma grande enganação
Os meu princípios não sobrevivem aos fatos
E foi para o ralo minha convicção
Não sei se o bem e o certo são verdades
Nem se dignidade é excelência
Pois em mim resta apenas
uma pilhéria paradoxal
De acharem que eu sou o que não acredito
E que é normal
fazer o que eu não acho bonito...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Traço

Se de um lado trago um traço Doce Manso Deslumbrado Feito um traço masoquista De outro trago outro traço Inquieto Doente Malvado Choroso e desencantado Triste Sádico Egoísta Se de um lado trago um anjo guardado dentro do peito que me mata de aflição De outro tenho um demônio que me enlouquece a cabeça e chega a desvairar de prazer meu coração
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domingo, 9 de agosto de 2009

A sanidade está doida varrida
A humanidade anda para trás
Voltando ao ponto de partida
Fratricida!






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Saudade da boa

Meu pai, não consigo escrever
nada que defina sua ausência...
A falta que me faz é intraduzível, 
indescritível
Nem dói
Nem arde
É só saudade...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

sobre nada

A folha branca e virtual enfrenta-me arrogante. Desafia-me sarcástica e humilhante, reduzindo-me à mortalidade patética de quem não é nada se um anjo não insiste em soprar devaneios inspiradores a serem escritos. Poemas e palavras.
Ai, as palavras... Assuntos tantos, anseios tamanhos, receios maiores. Penso no mar e na maré. Penso. No vai e vem. Penso se o mesmo que vai será o mesmo que voltará. Penso que ando sem nada a dizer apesar de tantos sentimentos e momentos de revelações que me escapam quando por um segundo eu divago e disperso.
Hoje mesmo pensei na fé... Por alguns momentos senti que não mais acreditava. Fugiu-me a fé? Talvez não, mas certamente evadiu a sensação de conforto de quando se tem certeza. Ter fé é ter sensação da condição do amparo incontestável e é este sentimento que não me acuso agora.
Meu radar anda falho para tantas coisas. Tantas. Sou uma bússola quebrada, desorientada. Desnorteada é como me sinto. Descrente? Não Dele. Descrente de mim que ando pela vida cometendo enganos que se não são grandes vilezas, também não tão prontamente perdoáveis.
Ando cansada de esmurrar sacos de areia que me revidam na mesma proporção, mas sem nenhuma emoção, o que me transforma na única que me espanca.
Flagelo-me, cortando-me com a pena, sem pena. Pena!
Não entendo bem a vida e não compreendo Deus. Eu sinto um tanto de desprezo e amor pela humanidade e ando usando demais o adjetivo "comovida", pois é assim que tenho me sentido. Comovida! Com tudo!
Comove-me a velhice, comove-me a doença, comove-me a poesia, comove-me a humanidade com suas benevolências e suas barbáries. Ando comovida demais e envolvida de menos com a vida. Comovida e sem-i-vida, o que me faz quase morta. Quase.
Palavras não me comovem agora, mas poemas sim. A morte não me assusta, mas um poeta sim. Ando meio esquisita, gostando menos de pessoas reais e mais de pessoas virtuais. Ando rindo através de teclinhas (hahaha, kakaka, kkk rss, uashuahsua - essa última é mais difícil de escrever), entre outros recursos que utilizo no meu teclado, que tem sido leme que determina por onde navego nessa viagem de poesias, imagens e pessoas que nem conheço... E muitas delas, me enternecem.
Estou ganhando da folha branca, que incrédula me pergunta como me atrevo a escrever acerca de nada. Ela não sabe da beleza do vazio, pois o "nada" pode ser tão interessante, tão incondicionalmente preenchível que permite discorrer enfática sobre ele. O nada é a possibilidade total.
Sobre nada de fé, nada de foco, nada de estrada. É estar numa campina enorme. Estática, paralisada e não ver caminhos. Não existem trilhas que dê indícios para onde ir. Não se vê rastros nem pegadas que sinalize para onde seguir.
Então, sigo escrevendo assim só por pirraça. Porque, teimosa como sou, não vou deixar que uma folha branca e arrogante me acue e me amedronte.
Se não há caminhos demarcados posso ir, pois, para onde eu quiser. Todo rumo que eu seguir há de me levar a algum lugar.
Estou indo então, e quando chegar - se chegar - eu mando dizer como é lá.
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Receita de mim

imagem do google

Não sou de aço puro
Meu ponto de fusão
é mais baixo que devia
De materiais diversos minha liga
Bem menos nobre que a mica
Possuo até matérias explosivas
Na composição
que obviamente se aglutina
Apesar de aço, ferro
veia e coração
Tenho sedimentado
porção enorme
de nitroglicerina!
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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Somente só

Solidão solene Soberbamente solícita Soterra sorrisos Sobeja sofrimentos Solvendo sonhos Solicitando solidariedade Sorvendo sobriedade Solilóquio sofomaníaco Sobriamente soturno Sombriamente sonolento Sofrimento sobrecarregado Sonâmbula sordidez Soledade sonegada Sorrateira soidao Sono solitário Somente só Socorro!