quarta-feira, 22 de abril de 2009

Alguém me viu por aí?

Imagino que a pior forma de solidão, seja o estar só em si mesmo. Não encontrar por dentro um mínimo de amorosidade ou intimidade com seu próprio "eu". Encontrar-se vazio de familiaridade e conteúdo, e não conseguir dar prosseguimento sequer a um monólogo.

Dentro de mim encontro um "nada" perturbado e melancólico, cheio de "senões" e justificativas implausíveis para minha própria ausência de mim em mim.

Procuro-me em vão. Não sei em que ponto da minha vida eu me perdi. Não sei exatamente onde estacionei meu tanque pesado e truculento, enquanto "minha" existência continuava, ignorando minha imaturidade e resistência em prosseguir. Não vim junto.
Talvez, tenha ficado onde acabou o meu primeiro amor, se é que o tive, ou quem sabe no primeiro beijo, no primeiro ato de sexo, na primeira decepção, no primeiro abandono. Quem sabe nas últimas tristezas.
Talvez, apenas tenha me deixado pra trás por não ter mesmo onde ir ou por não querer carregar pesos de consciência e arquivos mortos.
Suspeito de já ter me reencontrado pelo caminho, mas não tenho bem certeza se era mesmo eu ou apenas memórias. Nuances fúteis, lembranças frágeis, estranhas, longínquas, dolentes e difusas.
Fiquei onde ficam os fados, não as tarantelas. Fiquei onde tocam os réquiens e não os tangos. Fiquei na saudade de ser quem eu era e que imperceptivelmente permiti que o tempo, pintor de muitas cores e pincéis, esfumaçasse minha essência, até quase desaparecer como numa foto muito antiga em que os rostos viram manchas e o os corpos tornam-se vultos.
Sobra uma sombra tênue, sutil e sem alma, doente e quase desapercebida que ainda sobrevive alimentando-se de antidepressivos.
Alguém me viu por aí?

6 comentários:

gloria disse...

eu te vejo em imagens carregadas de linhas e tintas. nenhuma fumaça, névoa ou palavra muda me leva distante da visão tão nítida de você que se enuncia para mim. Mesmo que fujas em amortecimentos diários, mesmo que a visào quase fugidia te inscreva numa esfera rarefeita; tuas palavras dizem de uma existência densa e luminosa. Tuas palavras são testemunhas, bjs

j. monge disse...

nós somos muito mais do que a soma das partes. deve ser por isso que, quando queremos arrumar o puzzle sobra sempre uma peça. é a peça que nos aquece a mão.

tu tens sempre a mão quente. é por isso que eu adoro a tua escrita!

claro que te vi por aqui. estás AQUI!

beijo!

Amiga do Cafa disse...

Você está dentro de si mesma. Intensa. Doída. Mas cheia de vida. Cheia de vontade de ( re ) começar. Linda como as mulheres que fazem uso das palavras uma grande missão. Missão de consolo. De conforto. De beleza. De inspiração. E quando você se descobrir não sentirá mais esse vazio, pq ele era apenas parte de seu amadurecimento.
Lindo !
Belo ler e reler o texto e achá-la infinitas vezes nas entrelinhas.
Emocionado e emocionante!
Bjs

cristinasiqueira disse...

Isto também vai passar.
A vida é assim um suceder de passares...
Luz,muita luz.
Que bom que vc está no meu blogue.
Seja benvinda

Beijos,

Cris

Caleidoscópio disse...

Adorei!

Anônimo disse...

oláaa
amei ler seu blog!

estou a procura de novos amigos por aqui,
fiz o meu a uma semana!
Espero que você me siga,rsrsrsrs
pra nós podermos trocar comentários!

Beijosss e queijOs!