Milton Nascimento não falava a sério quando compôs "Nos bailes da vida", especificamente no verso que fala que "para cantar nada era longe"...
Já viajei em boléia de caminhão quando o ônibus de uma Banda que cantava quebrou, passando por poucas e boas, nessa vida de cantar. Mas no último fim de semana eu ultrapassei meu recorde de acontecimentos curiosos. Fui cantar em Roraima.
Alguém tem noção? É longe, muito longe! Não tanto se você está em Manaus, mas se você está em São Paulo, é sim! Congonhas-Brasília, troca de avião para Manaus e então para Boa Vista.
Por pura curiosidade, antes de ir, fiz uma pesquisa criteriosa para saber quem conhecia Roraima. Ninguém! Ninguém das minhas relações, ninguém que eu tenha visto ou encontrado já tinha ido à Roraima. Nenhum de meus amigos mais viajados, que conhecem cada cantinho do Brasil e do mundo... Roraima, decididamente não! Ninguém!
Pois eu digo que estão perdendo. Tem quem chame de "fim de mundo", mas eles se vêem como o Portal de entrada do Brasil, e não estão de todo errado, se você estiver vindo da Venezuela fugindo de Hugo Chávez.
Alguns fatos engraçados me deram vontade de escrever esse texto, nada poético. Primeiro que eu saí de um frio bárbaro em São Paulo e caí num calor alucinantemente úmido de quase quarenta graus em Boa Vista. A sensação térmica era de sessenta. Não reclamo, pois nunca reclamo do calor, só do frio.
Isso me fez lembrar o meu amigo virtual Flavio Ferrari que sempre que pode, foge do frio e nos "esnoba" pelo seu blog (arguta.blogspot.com). Pensei em fazer o mesmo, mas o calor de Roraima não é coisa de se esnobar. É de sufocar e procurar o "freezer" mais próximo.
Outro fato engraçado foi a "caravana" de japoneses.
Eles fazem excursões até para Roraima, gente!
Vão em "bandinho", munidos de uma parafernalha de equipamentos tecnológicos de última geração (câmeras de fotografia, de vídeos, binóculos, etc). Tenho quase certeza de que eram os mesmos que encontrei há muitos anos atrás descendo de uma "Van" na frente da Catedral de Notre-Dame.
Vão em "bandinho", munidos de uma parafernalha de equipamentos tecnológicos de última geração (câmeras de fotografia, de vídeos, binóculos, etc). Tenho quase certeza de que eram os mesmos que encontrei há muitos anos atrás descendo de uma "Van" na frente da Catedral de Notre-Dame.
Não foi possível tirar a dúvida, (não porque eram todos parecidos), mas porque a maioria estava de máscara para se proteger da gripe "suína". Eles saíram de São Paulo de máscara e desceram no aeroporto de Boa Vista (mais de oito horas depois), com a mesma. Aquilo devia estar um criadouro de germes e bactérias, mas eles estavam se achando protegidíssimos.
Conhecer Boa Vista foi um enorme prazer. Uma cidade em desenvolvimento, com um traçado urbanístico moderno, avenidas muito largas e com grande potencial financeiro para os "muito" resistentes ao calor.
O Território de Roraima passou a ser Estado do Brasil há cerca de 20 anos se tanto, e tem belezas naturais indiscutíveis e 99% de sua área é de Preservação Permanente e Reservas Indígenas.
Tem um excelente comércio na fronteira da Venezuela (parecido com o Paraguai, mas de qualidade mais confiável), segundo nosso guia. Infelizmente não tivemos tempo para compras e lazer, a não ser uma peixada maravilhosa na orla do Rio Branco.
O povo local é bastante hospitaleiro e carinhoso, mas ninguém é da terra. Ao menos não conheci nenhum boa-vistense(?) da gema. Todo mundo veio de outro Estado, a não ser os índios e ribeirinhos.
Roraima é a terra dos Yanomamis (lembram-se do Raoni?), entre outras várias tribos menos pops.
E a poesia, nisso tudo?
Compartilhar!
Compartilhar é poesia! Viajar é poesia! Olhar a Amazônia de cima e ver o encontro do Rio Negro com o Solimões é poesia! Estar na única capital do Brasil acima da linha do Equador não é poesia, mas é legal.
Cantar em Roraima e agradar foi pura poesia.
Mas que é longe, é...
40 comentários:
Essa viagem por si só já é poesia.
E narrada dessa forma ficou linda!
Parabéns, amiga!
Mas não queria estar na sua pele.
Beijos
Mirse
eu sempre digo aos meus alunos: roraima, aquela que nunca aprece no jornal nacional, como se não existisse...
deve ter sido mesmo o máximo estar lá. gostei do seu texto.
beijo.
Ah, mas que jeito para a crónica! E a poesia brilhando nas suas palavras!
Tudo isso te está no sangue (vê-se bem) e que orgulho devem sentir os que te criaram. E não falo só dos pais, não. Acompanhando a tua voz nas canções, também te seguirá o teu avô soprando saxofone, clarinete ou requinta com a sua banda descendo a serra da mantiqueira. Todos vão juntos contigo. Nem que seja para o fim do mundo!
Estás esplendorosa na fotografia, minha querida amiga, arquitecta, cantora, poetisa, cronista...
Beijo de admiração.
Mas foi uma delícia, Mirse!
Fazia tempo que não me aventurava tanto...rss
beijos querida.
Saiba Nnnna, que os que para lá migraram têm muito orgulho da Terra, com se tivessem lá nascido.
São desbravadores e apaixonados por Roraima.
Isso é que é o mais legal.
Bjcas, Professora!
Mário, mais legal que os teus elogios, é saber que você leu meu blog desde o começo. A crônica sobre o meu avô, e tudo o mais.
Isso me emociona.
Muito obrigada, amigo.
bjs
Oi,
Puxa vida !!!! É verdade ninguém fala sobre Roraima!!!
Mas nem por isso deve ser menos bonita e poética!!
Se valeu a pena, é isso que importa!!
bjinhos
Valeu sim Tata.
Grata pela visitinha.
bjs
Nem sabia que seus males espantava, Ross. Boa geografada!
Tento, mas nunca é tanto quanto gostaria, Prof. Henrique.
Ou canto de menos ou os males estão demais.
Beijos
Compartilhar é a melhor forma que a poesia assume. E é algo que você faz tão bem, Rossana...
Que legal, além de poetisa, cantora tbm! Chique, hein? Parabéns.
Muito bonito o poema "primavera", agora que eu li.
Beijos!
Oi Marcos!
Fico muito feliz que pense assim.
bjs
A primavera é bonita, Larinha.
Chique, nada!
Vida dura..rss
bjcas
Rossana
Roraima é tão loooonge,
mas ficou perto do teu coração!
Encantou-me saber que cantas!
Beijos!
Poesia foi saber que você canta... e que "compartilha" mesmo com quase 60° na alma...
Adorei !!!
Beijo
Ficou pertinho sim, tonhO.
Tanto, que acho que vou voltar para um segundo evento...rss
Beijos
Já faz um tempão, Solange.
"Porque o instante existe"...
Beijos
Já fui para Ariquemes, em Rondônia, serve ?
Bj
Rondônia não serve! Tenho até parentes, lá.
Viu só? "
Estive em Roraima e lembrei-me de você."
Beijos
Rossana,
Pois eu não sabia que eras cantora ,guria!Viajar nos renova....ma-ra-vi-lho-so!
Uma aventura e tanto. Com música e muita poesia. Mas tem que ter fôlego!! Beijo.
Te garanto uma coisa, eu não seria recebida com carinho em lugar nenhum se eu fosse para eu cantar, desafino demais!rs
Você tem sorte,levas a música na tua bagagem e a alegria no teu coração.
Qualquer viajem valeria a pena.
Bjs minha linda.
Gê
Adrianas!
Foi bom, mas estou ficando velhinha para tantas aventuras..rss
beijos para as duas.
Ge, do jeito que é bonita - por fora e por dentro - não precisa cantar para ser bem recebida em qualquer lugar.
Um beijo
Olá ROSSANA!
Vim agradecer sua visita e comentário e oferecer-lhe o selo Amiga da moda.
Beijo
Grata Kinha!
Aceito com muita honra, querida.
bjs
Oi !
Que boa deve ter sido essa aventura, e tb concordo que compartilahar é poesia! ;)
Bacana teu espaço moça!
Bjs
Gi
Que bacana,poetisae cantora,
parabéns pelo talento,
bjsss,
Obrigada Gisele.
Se gostou venha sempre, porque o seu eu já onheçco e gosto muito.
bjs
Menina Poesia!
Adorei esse teu detalhar todo
perfumoso e doce.
Só lembrando Roraima é a cidade
do Poeta Eliakin Rufino que
parafraseando Thiago de Mello escreveu:
"estou no centro da praça, estou no meio do povo, piso firme no meu chão, sei que estou no meu lugar, como a panela no fogo e a estrela na escuridão".
Cheiros
de amora doce e viva
as meninas de "flores em flor"
Minha parceirinha de poesias perfumadas.
Grata pela lembrança de Eliakin Rufino e pela visita.
Um beijo florido!
oi Rossana,
Que delícia de crõnica.Viajei com você e adorei.
Você bem que podia postar algo seu para a gente ouvir.
Artista se refina nas histórias dos caminhos.
Beijos,
Cris
Oi meu bem...estou meio atrasada nos comentários e vim direto neste, sua prosa sobre a "aventura roraimense"...adorei !!!!
Só os bailes da vida lhe proporcionam esta aventura inusitada, só a sua sensibilidade faz dessa aventura um presente...
mil beijos
Cris, por incrivel que pareça eu não sei colocar música aqui nem no youtube...rss
Acho que tenho que fazer um cursinho, mas quando conseguir essa "proeza eu te aviso.
Um beijo, minha linda
Miriam, você tinha que ter ido comigo.
Quem sabe da próxima.
bjcas
Adorei como vc contou essa história. Fez com que acompanhasse cada pedacinho dela. Roraima deve ser poética, mesmo que, talvez, não seja poesia.
Adorei como vc contou essa história. Fez com que acompanhasse cada pedacinho dela. Roraima deve ser poética, mesmo que, talvez, não seja poesia.
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