Sou tão apenas uma aprendiz da poesia. Uma amadora das palavras. Uma estagiária. Iniciante...
Como o músico jovem que ama o ofício, mas em sua empolgação com as descobertas, impõe notas demais nos improvisos, para experimentar irreverente o desafio até o fim.
Exagera, até que a maturidade vai educando lentamente e ensinando que muitas vezes "menos é mais", e que uma nota sublime substitue dezenas de notas desperdiçadas em demasia.
Como o músico jovem que ama o ofício, mas em sua empolgação com as descobertas, impõe notas demais nos improvisos, para experimentar irreverente o desafio até o fim.
Exagera, até que a maturidade vai educando lentamente e ensinando que muitas vezes "menos é mais", e que uma nota sublime substitue dezenas de notas desperdiçadas em demasia.
Mas minha intensidade não é intencional, sou apenas a expressão do que ainda sinto.
É minha verdade que predomina, nem sempre a minha vontade.
Eu escrevo no limite mesmo. Quase no limiar entre o "forte demais", como muitos consideram - e conheço meus entraves para a concisão - mas é assim nessa intensidade que encontro o meu eixo, que exorcizo os meus demônios.
É a minha forma de procurar a minha vaga, se é que existe. O meu lugar de descansar...
Quem sabe um dia, eu consiga resumir os excessos de notas na minha poesia, os exageros das minhas palavras.
Ainda imatura, expresso-me densamente, com a gravidade da minha dramaticidade aguçada por sensações e emoções intensas. Exponho minhas dores, sob as vistas da minha lupa, cuja lente aumenta e aumenta até doer tanto que se anestesia sozinha.
Minha habilidade em subtrair palavras e dizer levemente "muito com pouco" é parca. Quem sabe, não seja uma imperfeição ou defeito, mas apenas o "meu jeito".
Presunçosa, por vezes, quero crer que seja o meu "estilo", essa vocação para extremar e espremer o sumo das emoções até o bagaço.
Exibo tudo de mim corajosa e irresponsavelmente como uma criança, de forma a me expor tão inteira no que escrevo que por vezes me sinto incomodamente nua.
Eu despejo, vomito, desabo e desabafo em palavras (que gosto tanto), com o único intuito de deter em mim esse trânsito de pensamentos e sentimentos que me esgotam. Não chega a ser "confusão mental", mas me confronto ininterruptamente e sem piedade.
Sonho em relaxar, repousar serena, como as cenas bucólicas de um quadro impressionista, transformando minha mente num lago tranquilo, de águas rasas e seguras.
Me finjo de rasa, me pinto de rosa pela vida afora, mas em mim, não existe garantia de paz. Sou uma pedra rolando ladeira abaixo. Muitas pedras. Avalanche...
E quando isso acaba; resta eu, uma explanada poeirenta, exausta, mas aliviada por ter onde sossegar.
Talvez seja por isso mesmo que me expresso. Não por um mote artístico, mas por questão de sanidade.
Pretexto menos sublime, mas não menos consolador.
Talvez, a necessidade expressar-se, seja o combustível que movimenta o motor que incentiva todas as artes, todos os artistas, em busca do confortável vazio emocional.
Talvez...
28 comentários:
Minha querida Rossana, quanto mais escreves maior é a sensação de seres um rio tão transparente que se torna muito difícil avaliar a sua verdadeira profundidade. Mas o leito está lá, ondulando luminosamente entre verdes e azuis e atraindo-nos, irremediavelmente. Sempre.
Beijo terno, para a poeta da sinceridade.
"Talvez seja por isso mesmo que me expresso. Não por um mote artístico, mas por questão de sanidade. Pretexto menos sublime, mas não menos consolador".
Rossana, posso fazer dessas, minhas palavras tbm? Então já fiz =).
Ao menos, amiga, há pessoas que compreendem isso. E se nos expressamos com verdade, aí está a arte presente sem medo, incondicionalmente.
Seu texto expressa o que eu e várias pessoas sentimos.
Adoro ler-te. Beijos!
Sua vaga existe, claro. E não foi dada por ninguém. É sua e pronto, porque você é uma realidade.
E sobre o motivo de escrever: "Eu canto porque o instante existe..." Garanto que ninguém esperava ouvir isso da Cecília Meireles. E ela arremata: "Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: mais nada."
Seus motivos vão mudar com a vida e o tempo, que mudam tudo enfim. Para nós, os que lemos você, importa é ter seu livro aberto e fluindo e fecundando.
Abraço do tamanho da vida.
Rossana!
O que mais admiro em você, é exatamente o que diz em seu texto.
Você já nasceu poeta, mas ainda não acredita.
Afirmo que sou sua fã incondicional, e amiga até o fundo do poço!
Espero que, como eu, continue tateando!
A verdade está no olhar e na curiosidade das crianças.
Sejamos pois. Estarei sempre atenta!
Beijos!
Mirse
E simples assim, você diz e em tudo que escreve, se diz e a intensidade é a tua marca e isto não é improviso, isto é vida plena.
E por tudo isto eu venho aqui e leio você com muito prazer.
Beijos, querida.
¡Qué interesante! tu Nota
muy linda !!!
un abrazo
Fede Hammelinn
......................
ALEGRÍA DEL MAR :
Esta é a hora cósmica,
a hora desenfreada do Oceano!
O pulmão negro
sopra os furacões de cores escuras.
O sol abre nas nuvens grandes portas azuis
com suas mãos de fogo.
O vento retorce os mastros
e faz gritar as quilhas e as proas
com vozes resinosas e escaldantes.
Alegria do mar! Alegria do mar! Alegria do mar!
Entre todo o tumulto palpitante da água
entre as ondas ébrias, entre os ventos ásperos,
frente às rochas acres e às ilhas amargas,
meu coração dança sobre a nave
dança na imensa música com suas paixões livres!
CARLOS SABAT ERCASTY (Uruguay, 1887 - 1982)
Cara Poetisa
Lindos são seus escritos.Parabéns
Metáfora mais que bonita, Mário.
Já disse que deverias fazer poemas?
Você viu que eu postei o poema do João Monge, na minha coluna esquerda?
bjs, querido
Larinha,
Pode fazer toda sua as minhas palavras, porque palavras não tem dono e sentimentos também não...
Já falei que te adoro, menina?
bjs
Marcos,
Mas minha vida não está completa. Eu sou alegre, e sou triste, tudo em demasia...
Espero também conseguir ser "poeta".
Um abraço do tamanho da vida deve ser muito bom...
Aceito e retribuo.
Mirse
Que delícia de comentário.
Foi na veia!
Continuo tateando e tentando acreditar, amiga.
Beijos
Mai
A complexidade e profundidade do que você escreve me faz pensar muito... Eu gosto muito, mas as vezes não alcanço.
Só sei dizer as coisas de jeito simples assim.
Mas se você me lê com prazer, é porque vale a pena.
Beijos
Fede,
Quanto tempo!
Muito grata pelo poema de CARLOS SABAT ERCASTY. Lindo!
Beijos amigo
Caro Ari Mota.
Agradeço por vir e comentar.
Volte sempre.
Oi Rossana querida,
Olha que especial"É a minha forma de procurar a minha vaga, se é que existe. O meu lugar de descansar..."
Você excede na verdade que brota solta,selvagem ,preciosa e linda.
Gosto!
Beijos e bom fim de semana,
Cris
Vi, sim. É lindíssimo o poema do João e tu mereceste bem recebê-lo. Porque a tua poesia, como a dele, como toda a grande poesia, só ela faz ouvir a música das palavras. E a vossa encanta-nos, sem fim...
Outro beijo doce para ti.
"me finjo de rasa, me pinto de rosa"...teu texto é todo mulher paixão...impossível não ver tua feminilidade por trás desse teu rosa, e de nada, raso. Teu desabafo é profundo, como um abismo sempre achei tua poesia...Até na tua cataerse és poeta domadora das palavras.
Passei por aqui...
Bjs.
Rossana querida!
Não te vejo numa tela impressionista, e sim em uma bela tela de um Cubista: uma pintura onde os 3 planos são representados e vistos sob vários ângulos, de sensações e cores intensas! Não em um Van Gogh, onde é preciso muitas pinceladas para se chegar a um efeito desejado, mas como um Picasso, retratando o teu “volume” emocional, as superposições de sentimentos, se mostrando ora rasa ora profunda!
Talvez seja por isso que desnudar-se em palavras seja tão importante para tua busca, quem é assim não nada só onde dá pé!!!!
Liiiindo texto!
Se isto que leio aqui são improvisos, imagina pra valer...
Bjão, Amiga!
PS: tô escrevendo desde ontem algo sobre profundidade/raso... sintonia fina!!!!
Cris, minha amiga
Sei que compreende, porque escreve intensamente também.
Obrigada por vir.
bjs
Adriana
Fiquei emocionada com o seu comentário. De verdade!
Essa espécie de avaliação, é que faz valer a pena todas as penas de escrever.
Obrigada do fundo da alma.
bjs
Estela, minha faceira amiga
Ando com saudade dos "teus" cantinhos. Todos tão especiais...
Vou por lá matar saudades.
Grata por vir.
bjs
Wania,
Que bom que você escreve.
Que bom que você me lê.
Que bom que você existe.
Que bom!!!
bjs
Silvana,
Vou visitar seu blog sim, e agradeço a visita e comentário.
Não se incomode por morar acima dos sinais, que tem a mata Atlântica como quintal, só precisa mesmo dos sons da natureza. És uma privilegiada.
Viva o Saci!
Seja bem vinda e que Paz e Bem seja o nosso lema.
bjs
Rossana, que beleza de texto. Você soube expressar os sentimentos de todos que lidam com essa "coisa" que tem que sair de qualquer jeito. Mutio bom e a identificação é imediata. bravo, continue nos encantando. beijo.
Grata Adriana
Identificação é reconhecimento. Quèm não se envaidece?
bjs querida
Vaga garantida. Você não é exatamente uma estagiária. Você escreve com o coração, escreve bem e emociona. E fica bem de batom. Estagiária era a Monika Lewinski rsss
Um beijo, Rossana !!!
Chico
Realmente
o diálogo
existe.
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