
Amordaço as rimas dos meus pensamentos, pois me atormentam torná-las proativas e entre a nuca e a testa elas persistem, tecendo um fio que interliga o coração embriagado ao embrião sutil do entendimento. Eu sou "noir", sou lua, solidão.
Quero estender palavras no varal e esparramar a escrita no quintal, e olha eu de novo atrás de rimas. Socorro! Alguém me impeça, segurem minhas mãos e algemem-me depressa. Importa mesmo é exprimir o alumbro dessa vida, pois que viver é mesmo uma empreitada e eu recuso a escusa das feridas.
Não é desculpa a dor, a dor é nada e eu não quero contar métrica, nem seguir ritos.
Me forço a não pulsar no ritmo.
A liberdade é tudo o que eu queria.
Ser livre para doer em sustenido, pois que o bemol desce e eu quero arriba, seguir rio acima, arrebanhar os arcos coloridos no céu soturno do anoitecer.
Se sou "noir" é só a noite que me anima, e se fosse um pássaro, que pássaro seria? Noturno. E se fosse poeta como quem escreveria?
Decisão injusta já que sempre me apaixono e o fio que liga o timo aos neurônios retesa, me gela e me espanta, pois que são tão tantos os poetas que me afino que desafino tentando cantá-los juntos.
São tantas formas, tantas fontes, tanto estímulo, que meu costume vagueia sem estilo, estuprado por anseios de palavras, poemas e raciocínio. Não sei mais se quero vodka ou cappuccino.
Talvez só a água enxágue a minha alma.
Mas vou por aí com a mente ventilada e estoica sobrevivente.
A louca mantendo a calma como quem ainda espera alguma coisa, por mais que seja deselegante a busca, insisto em achar que num momento incerto vai ocorrer o arrebato e a captura e serei eu a ser encontrada pela palavra minha. A minha língua! E a saliva será sorvida com o bom de tudo que a palavra tem.
Seus sons, seus dons, seu profundo poder de seduzir e embevecer.
O absinto do vocábulo. A garganta engole a palavra e lambe a língua-pátria, as letras arrumadas, organizadas então em frases adornadas. Enfeites.
Me deixo ficar assim, olhos fechados, tocando a alma, chuleando os cortes imprecisos. É esse o meu deleite. Imaginar o quanto serei ignorada ou incompreendida.
Inflamo, exclamo e busco em tudo o furor do intenso e do rebusco que o tanto de fundura impressa em mim agora.
Espelho d'água, fonte, fenda escura.
Escrevo, escrevo e nada mesmo interessa, nem impressiona o outro que procuro fora, e ainda habita em mim entre a nuca e a testa, meus pensamentos que já não refuto.
Está dentro de mim o outro que procuro, está dentro de mim a palavra, a língua e o poema, mesmo quando recuso seus preceitos, e preconceituosa renuncio rebelde à sua rima.
Quero estender palavras no varal e esparramar a escrita no quintal, e olha eu de novo atrás de rimas. Socorro! Alguém me impeça, segurem minhas mãos e algemem-me depressa. Importa mesmo é exprimir o alumbro dessa vida, pois que viver é mesmo uma empreitada e eu recuso a escusa das feridas.
Não é desculpa a dor, a dor é nada e eu não quero contar métrica, nem seguir ritos.
Me forço a não pulsar no ritmo.
A liberdade é tudo o que eu queria.
Ser livre para doer em sustenido, pois que o bemol desce e eu quero arriba, seguir rio acima, arrebanhar os arcos coloridos no céu soturno do anoitecer.
Se sou "noir" é só a noite que me anima, e se fosse um pássaro, que pássaro seria? Noturno. E se fosse poeta como quem escreveria?
Decisão injusta já que sempre me apaixono e o fio que liga o timo aos neurônios retesa, me gela e me espanta, pois que são tão tantos os poetas que me afino que desafino tentando cantá-los juntos.
São tantas formas, tantas fontes, tanto estímulo, que meu costume vagueia sem estilo, estuprado por anseios de palavras, poemas e raciocínio. Não sei mais se quero vodka ou cappuccino.
Talvez só a água enxágue a minha alma.
Mas vou por aí com a mente ventilada e estoica sobrevivente.
A louca mantendo a calma como quem ainda espera alguma coisa, por mais que seja deselegante a busca, insisto em achar que num momento incerto vai ocorrer o arrebato e a captura e serei eu a ser encontrada pela palavra minha. A minha língua! E a saliva será sorvida com o bom de tudo que a palavra tem.
Seus sons, seus dons, seu profundo poder de seduzir e embevecer.
O absinto do vocábulo. A garganta engole a palavra e lambe a língua-pátria, as letras arrumadas, organizadas então em frases adornadas. Enfeites.
Me deixo ficar assim, olhos fechados, tocando a alma, chuleando os cortes imprecisos. É esse o meu deleite. Imaginar o quanto serei ignorada ou incompreendida.
Inflamo, exclamo e busco em tudo o furor do intenso e do rebusco que o tanto de fundura impressa em mim agora.
Espelho d'água, fonte, fenda escura.
Escrevo, escrevo e nada mesmo interessa, nem impressiona o outro que procuro fora, e ainda habita em mim entre a nuca e a testa, meus pensamentos que já não refuto.
Está dentro de mim o outro que procuro, está dentro de mim a palavra, a língua e o poema, mesmo quando recuso seus preceitos, e preconceituosa renuncio rebelde à sua rima.