terça-feira, 12 de outubro de 2010

O dia da criança de mim...


Não é que eu não quero que você cresça minha filha! Nem desejo que fique criança para sempre. Eu gosto de você assim do jeitinho que é e com a idade que tem agora, do alto dos seus treze anos a me olhar com esses olhos carregados de lápis de olho e rímel pretos.

Eu tenho mesmo é saudade de mim no tempo em que você era criança. Eu tenho saudade de como eu era poderosa aos seus olhos e aos meus.

Eu podia fazer mágica! Eu era a Miss “M”. A Super-mamãe!

Transformava tudo num evento fantástico e você vibrava!

Até uma simples paisagem da janela do carro era um maravilhoso acontecimento: - Olha a vaquinha, filhinha! E você olhava como se eu tive acabado de inventar uma vaca de verdade só para você.

Às vezes, eu sentia que você achava que eu não tinha feito um bom trabalho, pois nos desenhos dos seus livros elas eram muito mais graciosas. Ainda assim (generosa), me perdoava por eu não ter posto cílios longos na vaca (já que ela era menina), nem laços no seu rabo ou flores na suas orelhas.

Eu podia passar pelas portas com sensores e dizer “Abre te sésamo” e você encantada me olhava com olhinhos de admiração como se eu fosse a mulher maravilha, enquanto passávamos sem sequer tocarmos na porta.

Claro que você iria testar para ver se funcionava só com você muitas vezes, enquanto eu ficaria esperando você avaliar seu novo poder que eu tinha lhe delegado.

É disso que eu tenho saudade minha filha, porque eu me encantava junto. Eu quase acreditava que era mesmo uma heroína, capaz de prover seus mais maravilhosos desejos como fazer a voz do Ursinho Pooh e de toda a sua turma, desde o choroso leitão, o inteligente Abel, o triste Bisonho e o maluquinho do Tigrão. E eles conversavam com você por noites a fio, e você se sentia incluída no mundo mágico das historinhas.

Eu poderia ser até chamada pelos Estúdios do Maurício de Souza para dublar a Mônica, a Magali, o Cebolinha e toda a turma. Fiquei especialista!

Lembra quando você quase viu o trenó do papai Noel no céu? Ou será que não viu? Até hoje você não tem certeza se foi real.

E sua felicidade, enquanto seguia as pegadas do coelhinho da páscoa (de guache branco ou maisena no piso de madeira da sala), que eu fazia só para ver seus olhinhos espantados e alegremente inquietos.

Deixava rastros de palha e ovinhos de chocolate, até chegar ao grande local: um maravilhoso ninho de enormes ovos de chocolate! Você pouco ligava para o chocolate, queria mesmo os brinquedos que vinham dentro dos ovos.

Algumas pessoas (avós, tios, padrinhos), estragavam o suspense, pois traziam ovos de chocolate de presentes e entregavam na sua mão.

-Porque o coelho não veio?

Tenho saudade, pois quando você era criança, tornei-me criança também e agora sinto uma falta danada de assistir com você os mesmos filmes dezenas de vezes, até que seu emocional conseguisse se organizar e então você nos permitisse ver outro.

Sei que o tempo não para, e quem sabe um dia, volto a exercitar esse prazer com netinhos. Que demore muito a acontecer, pois você ainda é muito jovem, a despeito da minha necessidade de brincar.

Por isso, hoje eu acho que vou a um parquinho, me sentar num balanço e balançar bem alto...

- Não minha filha, não precisa vir comigo. Não quero que pague esse “mico”.

Feliz dia das crianças!

Rossana Masiero

14 comentários:

Zélia Guardiano disse...

Querida Rossana
Que texto emocionante você nos oferece!
Muito lindo!
Eu, que estou aqui sem as minhas "crianças"( de 34, de 28 e de 27 anos...rs...), compreendo cada letra, cada pingo do que você diz.
A vida é um sopro e, num piscar de olhos, percebemos que nossas crianças se foram...(Tenho "criança" até no Japão...)
Resta o consolo de saber que fui criança junto com elas... Ao menos, na medida do possível!
Grata, querida, por este momento tão especial que me proporciona.
Beijos.

Wania disse...

Lindo, Rossana


Que delícia a gente poder lembrar de tudo isso, não é mesmo? Eles crescem e a gente cresce junto, mas no fundo, no fundo, eles serão sempre as nossas crianças!

O filme se repete só de muda de endereço. Lembrei-me de tantos momentos bons junto com os meus, hoje cedo quando agradeci à Deus por tê-los comigo e com saúde. Tb fazia pegadinhas de coelho com maisena e deixava cenouras mordidas pelo caminho, agora as mães já contam com pegadas auto-colantes...rsrsrs... dá menos sujeira, com certeza!




Doces momentos que açucaram a nossa vida e nos fazem lembrar da nossa própria infância.


Que este teu balanço te leve longe, amiga!

Bjinhos pra ti e pra tua filhota!

Anônimo disse...

Ah, eu quase chorei... Lindo, emocionante texto, nossa!

Minha mãe já me disse coisas semelhantes, mas reafirmo para ela que ela sempre será minha heroína. A magia da infância é incomparável, mas as dificuldades que uma mãe dedicada ajuda sua filha menina tornando-se mulher a enfrentar é insubstituível, o poder da mãe vai só aumentando com a idade.

Parabéns por esse escrito e por ser esta poetisa, mãe, amiga etc., maravilhosa.

Beijo no seu core.

Dilberto L. Rosa disse...

Lindo, minha cara... Prodigiosamente lindo... A despeito de a minha filha ter apenas 4 meses, sinto e entendo perfeitamente cada palavra dita por você, uma vez que isto também é pauta de minhas conversas com ela rs. Às vezes minha mulher diz que exagero, mas acho que é uma forma de me preparar pra esses dias... Sua prosa foi tão bonita e profunda quanto cada um de seus poemas desenhados aqui - sim, desenhados, como a vaquinha com cílios longos rs! Abração, mamãe saudosa!

Phoenix disse...

Lindo! eu acho q nao poderei nunca entender totalmente o que escreveste ate daqui a uns tempos loooooonnnngggoooosss :P mas fizeste com que todo o crescimento, toda a vida das crianças ficasse tão bela..**

Mário Lopes disse...

Belo e comovente texto que abraçará Maria Thereza ao redor das suas treze primaveras-ela que também é filha da primavera-como se a sua mãe acariciasse a árvore que que ela tocará com os seus dedos sempre que chegar a casa, e ela o soubesse, só por isso.

Beijo terno.

Eraldo Paulino disse...

O texto mais emocionante que li essa semana! Lindo mesmo.

E não há dúvidas. A fase mais feliz da minha vida foi a infância.. toda vez que leio textos belos a respeito dessa fase, eu me prendo.

Bjs!

Unknown disse...

nos metamorfoseamos com os filhos, isso é divino

beijo

ΞĐU disse...

Oi, Rossana...
Muuito bom o seu blog, suas idéias e seu bom gosto. Parabéns pelo trabalho.
Estou te seguindo.
Beijos no coração,
EDU (http://edurjedu.blogspot.com)

Unknown disse...

Linda amiga ROSS!

Porque quer me fazer chorar?

Sabe, acho que quando sentimos saudades, sentimos de nós, em algum tempo. E esse tempo, você delineou tão bem aqui.

Não convivi com minha mãe na infância, e achava que os pratos de comida que as freiras colocavam na mesa, eram colhidos das árvores, como frutas.

Hoje, lendo você, senti saudade do que não tive.

Beijos!

Mirze

João Lenjob disse...

Que maravilha!!!!!
Tem cinco poemas novos em meu blog http://lenjob.blogspot.com e lhe apresento o Castelo do Poeta, http://castelodopoeta.blogspot.com, um super canal interativo de arte. Me fale o que achou, viu?? Abaixo poema.

João Lenjob

Na Nossa Tela
João Lenjob

Se quiser o céu numa tela
Eu o trago até você
Eu lhe dou pincel, tinta e uma aquarela
E as cores, dá você
Venho com estrelas, cometas e uma lua bela
Mas o sol, traga você.

Dance no céu, pintando como bailarina
Que sou platéia pra você
Seja a pintura mais pura, doce menina
Que sou menino pra você
Dê-me o amor da arte mais divina
E do amor faço você.

Ame menina, na nossa tela
Aquarela, eu e você

Se por acaso alguma cor lhe falta
Eu faço em verso pra você
Viro então um poeta astronauta
E fico no céu pra você
Enquanto pinta a nossa pauta
A poesia é feita pra você.

Dilberto L. Rosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
byTONHO disse...



MÃE.Sana MÃIZENA!

Eu CRI
Tu AN
Ela ÇA!

CrianSSANA bela CRIadora CRÊ na CRIatura...

CRIan...sei que sou!

be:)os!

cristinasiqueira disse...

CHORI...
RI...

ME DIVERTI..
E fiquei com vc e as perninhas balançando no parque.

Carinho,



Cris