De tanto buscar simplificar-me para alcançar a minha essência, tenho me esquecido da delicadeza dos pormenores. Do enfeitar as coisas só pela boniteza da belezura.
De tanto enxugar meus versos, tenho em minhas mãos uma esponja encharcada de poesias que escorrem pelo chão e o escrito está meio vazio de encanto. Já não tem pé-de-mel no quintal dos meus versos e as miudezas que enchem de graça a existência, estão fazendo jogo duro com a minha imaginação. A criatividade, que antes corria solta como bala de coco embrulhada com papel cor-de-rosa em festa de menininha, anda rareando igual água no sertão.
Eu fico então aflita, porque uma parte de mim quer produzir assim mesmo e a todo custo. Sou como criança manhosa e afoita, que não quer aguardar os “dispensáveis” confeitos, para engolir logo a guloseima. Assim, ando perdendo a chance de permitir que outros sentidos meus sejam felizes.
O essencial é muito puro, e pureza é coisa de anjos e santos.
Eu sou só humanamente prosaica, e meu eu precisa deleitar-se com os prazeres presenteados pelo criador através dos sentidos. Todos os cinco. Seis... Sete...
Experimentar todos os gostos, os luxinhos, as rendas e lacinhos, os batons e perfumes, a cobertura e os confeitos, pois que se o conteúdo for adequado, a alegoria só valoriza e se não for, nada vai disfarçar a feiúra, o gosto ruim ou o fedor.
Ou o vazio...
Porque então, não arriscar pela alegria? Mimos para a alma é do que precisamos. Todos nós.
Vou aprender de novo a ficar contente com as sutilezas e delicadezas e acolchoar de cortesias e arte meu despertar, porque uma coisa que o tempo tem me ensinado é que nem tudo que é aparentemente supérfluo é inservível, nem que seja apenas para deleite dos sentidos, e isso por si só já é uma incumbência muito digna.
37 comentários:
Rossana,
teu texto bateu em cheio em mim...pois, sabe que ando assim também? o texto está muito bem escrito, tem um senso de estética e um despeertar dos sentidos, sejam quantos forem...e os brigadeiros? rs...me deliciei com tudo, menina.
Minha Isabela sabe muito bem dessas coisas: pureza, delicadeza e simplicidade maravilhada nas coisas mais simples... Tudo isso é com ela mesma! Acerca-te de gente assim, que teu pé-de-mel volta a florir!
Linda prosa poética: nada de enxugar versos, hein?! Abração!
Ta aí, um texto sincero. Não que o que vem me dizer por aqui não seja...mas suas prosas me fazem refletir e...descobrir o que realmente quer dizer, nada encoberto sem precisar vasculhar...bjos!
Ah...uma coisa em comum ...tb ando precisando de mimos pra alma...rs
Andréa.
Rossana querida
Que venham as poesias em caldas para te adoçar a Alma!
Amiga, o açucar e o sal nos vem em igual medida, nós é que escolhemos as quantidades da mistura final...
Bjinhos caramelados pra ti
PS: eu sou suspeita pra falar disso...rsrsrs ;))))))
OBA!
Quero docinhos, denguinhos, carinhos, a hora é esta!
Ross, apesar da brincadeira, adorei seu texto. E ele é sério e super-elaborado! Faça o que lhe fizer feliz. Não faça nada para agradar ninguém.
Ser feliz é ser você. E eu adoro seu jeito de ser.
Beijos, linda!
Mirze
as coisas que não servem pra nada são as que mais importam... lição do Manoel!
beijim.
ah sim,
e essa arma aí do lado hein?
tudo por aqui tem um Q de fatal...
saudade tb!
rossana, texto profundo!
"porque uma coisa que o tempo tem me ensinado é que nem tudo que é aparentemente supérfluo é inservível, nem que seja apenas para deleite dos sentidos, e isso por si só já é uma incumbência muito digna.".
beijinho**
Rossana, sendo assim você já começou bem, porque esse texto tá muito legal.
A gente complica muito. Não sei como adotamos certa dietética dos sentidos em favor do espírito. Quem disse que a essência não pode ter um pouco de baunilha, de nozes, de amêndoas, de laranja? E como sabemos que o deleite dos sentidos não faz parte de um sentido maior?
A história tá cheia de filósofos rechonchudos que, certamente, não resistiriam a um brigadeiro, ainda mais feito com leite moça. Rs.
Essa imagem da esponja encharcada de poesia é demais!
Beijo.
Lá vem eu ser repetitiva, e lá vem você escrever mais um texto lindo!
Só faço elogios rasgados quando o meu peito mareja meus olhos, pois te digo...um dos melhores textos que já li!
Beijos pra Ti
Então, Adriana,
Vamos aprender juntas.
bjs, querida.
Rossana
Dilberto,
As crianças sempre nos dão grandes lições. A Isabela sabe das coisas.
Bjcas
Andréa, no que depender de mim, você será uma menina mimada... rs
bjs, linda.
Wania,
Sabe quando eu fico mais doce? É quando lei seus poemas.
:D
Gost♥ muit♥.
bjs, querida.
Wania,
Sabe quando eu fico mais doce? É quando lei seus poemas.
:D
Gost♥ muit♥.
bjs, querida.
Mirze, somos tão cúmplices...
Eu agradeço tanto por isso.
Te adoro.
bjs, amiga
Mininu
Eu sou feliz quando vem cá.
É uma arma de atirar beijos...rss
Bang!
:D
Joana,
Que bom que veio.
bj
Ô Maria Rita...
Isso vindo de uma poeta como você, mareja os meu olhos.
Obrigada sinceramente.
bjs
Em-beleza-r a vida.
Li, um por um, até onde o sistema permitiu.
O sistema insensível pode não ser inservível.
O ser invisível pode não ser insensível.
O ser invisível pode não ver insensível.
Supérfluo é o colírio, pois o delírio é essencial.
Quando apareces eu fico denso.
Bem-te-li, colibri.
Pro dia nascer feliz - ainda que o verso seja emprestado, bem ou mal.
A vida é poesia essencial.
Ele: Seria possível estar indo avaliar a hipótese de estar-se fazendo uma análise conjuntural dos estudos aplicados às melhores práticas?
Ela: Sua ligação é muito importante para nós!
Ele: Esta mensagem pode ser destruída após sua leitura.
Quanta poética tem por aqui!
Que beleza! Literalmente.
Texto simplesmente divino, minha querida Rossan!
Serviu-me como luva!
Pense: tenho os cabelos totalmente brancos. Há anos abandonei a tinta...
Uso roupas que têm, já, vinte anos...
Fui me despojando, despojando, depojando, tanto que não tenho mais de que abdicar...
Penso que posso adotar sua crônica, como um ensinamento: quem sabe amanhã compro um vestido?
Adoro os seus escritos!
Enorme abraço da
Zélia
Ross,
amei.eu gosto de mimo(s), gosto do que é belo.Não gosto mesmo nada do minimalismo, que embora, às vezes, possa ser belo é frio de+ para mim.
beijo
Na simplicidade sempre há a beleza, por fora ou por dentro. Há a doçura, a delicadeza, a leveza. Quer coisa melhor que um pudinzinho de leite, ainda na forminha enegrecida, gelando lá na prateleira de baixo da geladeira ! Nem precisa do confeito por cima, muito menos do papel enfeitado. Ah, mas se aparecer uma renda bem bonita, o presente pode ficar melhor, bem melhor. E tudo pode ser muito simples...
Rossana, lindo e pertinente texto. Mimos para alma é o que precisamos, de fato. Bj
Jorges,
Depois disso tudo, vou voltar a fazer análise.
:D
bj
Mayara,
grata pelo comentário, e bem vinda.
bj
Zélia,
Mime-se, minha amiga, todo dia um pouquinho.
Mulheres que somos, merecemos, muito carinho.
bjcas
Em@
sou um pouco assim também.
bjcas
Paradocx,
Pudim e rendas combinam...
:D
bj
Lai, querida.
Quem bom que apareceu!
Isso sim é um mimo.
bj
Você não faz poesia, você é.
E eu sou saudades.
Bjs no batom!
Então...aparece lá no meu espaço, Flor! As palavras de vcs é que põe de pé o meu blog. Sei que não sou escritora profissional como você...
No momento, sou uma professora frustrada que precisa de doses fortes de poesia rs.
Bjos!
Andréa.
Eraldo
Você é um doce...
bjs
Andrea
Vou correndo.
bj
gostei desse jeito bonito e todo teu de escrever.
Muito bom.
Maurizio
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