segunda-feira, 16 de março de 2009

POETA, O ESTRIPADOR...

Jamais permita que um poeta
escreva um poema em tua barriga
Serás grávida eternamente
de um filho que não parirás
 Estarás gravemente ferida
de uma dor que não curará
Podes lavar, quanto quiser
Ah! Podes tentar até cortar
mas não farás desaparecer
não terás como olvidar
Poetas são tatuadores
que desenham as próprias dores
rasgando almas desavisadas...
Usam uma tinta invisível
Indelével e indestrutível
que doerá todos os dias
Há que sentires a agonia
de ser todo dia esfaqueada
Poetas são impiedosos
Criminosos por instinto
Escravos de seus escritos
 Extravasam com as penas
como fossem canivetes
E tu não terás como fugir
Serás como as vítimas de Jack
Estarás para sempre marcada
com um poema de amor
e seja lá como for
tu jamais te esquecerá...

4 comentários:

Fred Matos disse...

Muito bom poema.
Gostei.
Beijos

gloria disse...

um poema é como uma fenda de sentimento fincada no centro, no lugar que funda o sujeito-dissolvente. se for de amor o poema, essa marca se alastrará para todos os poros, fazendo de cada letra uma sentença de vida intensa.
gostei muito.
bj

André Sebastião disse...

Fantástico... Estou muito sem palavras. Os meus sinceros Parabéns pela forme como escreve.
Passe no meu somaisumpouco.

Silvestre Gavinha disse...

Isso aqui é maravilhoso.
Você fala lá em cima, no texto sobre o texto da Gloria, que adorou a sinestesia que te causou.
Teu poema faz o mesmo.
Evoca doçura arrebatamente e uma violência irresistível.
Lembrou-me filmes e outros poemas. (Pyllow Book e Adélia Prado).
Tens mais uma fã com certeza.
Marie